segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mortes em acidentes de moto viram problema de saúde pública em Pernambuco


RECIFE - Nos últimos doze meses, as mortes provocadas por acidentes de moto sofreram um aumento de 26,7% nas rodovias federais que cortam Pernambuco, segundo levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal em Recife, Pernambuco, comparando os números registrados em 2008 e 2009. O que mais preocupa é que durante a Operação Fim de Ano, que durou 24 dias, a PRF constatou que 40% das vítimas fatais de acidentes nas BRs no estado eram pessoas que viajavam de moto.
O fenômeno já vem sendo tratado como problema de saúde pública pelo Governo do estado, após a constatação do aumento na incidência desses desastres, através da pesquisa “Perfil da Mortalidade de Acidente de Motos em Pernambuco”. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) lançou uma cartilha para orientar motociclistas, principalmente no interior, onde a incidência de mortos em acidentes com esse tipo de veículo chega a ser até dez vezes maior do que na capital.
O estudo indicou que as motos compõem a segunda maior frota de veículos registrados no Detran (29,3%), mas em 63% dos municípios pernambucanos, elas já são mais numerosas do que os carros. De acordo ainda com o estudo, os mortos são jovens (68%), do sexo masculino (83,4%) e negros (78,1%). O levantamento mostra, ainda, que que em 2006 o risco de morrer nesse tipo de acidente já era quatro vezes maior do que 1998, período em que o número de internações provocadas pelo mesmo motivo duplicou.
No Hospital da Restauração, a maior emergência de Recife, o registro de casos subiu 200% entre 1998 e 2009, sendo que só no ano passado, foram atendidos 2.951 feridos em colisões com motos. De acordo com um levantamento feito pelo Coordenador de Comunicação da PRF em Recife, Eder Rommel, a proporção de feridos por acidentes de motos também é preocupante, quando comparada à de automóveis:
- Em cada grupo de cem acidentes de carro, 48 ficam feridas, mas nos de moto o que registramos são 101 feridos para cada cem ocorrências, afirmou ele.
Rommel chamou a atenção, também, para o percentual registrado no final do ano, que acusou que 40% das mortes provocadas em acidentes usavam esse tipo de veículo.
- É um número muito alto, principalmente quando se sabe que em Pernambuco as motos são 29,3% do total da frota de veículos registrados no estado, disse ele.
Levantamento por ele realizado entre 2008 e 2009 mostra que houve crescimento, também, no número de acidentes com motocicletas e ciclomotores (8,1%) e de feridos (6,7%).
Só nos primeiros seis dias de janeiro, as rodovias federais já haviam registrado 20 acidentes com motos, 16 feridos e três mortos. No ano passado, a Fundação Osvaldo Cruz já havia alertado para o alto índice de mortes principalmente no interior do estado.
Em Calumbi - a 411 quilômetros de Recife - a proporção de óbitos é quase vezes maior do que na região metropolitana, segundo revelou um estudo que vem sendo feito pela Fiocruz. No pequeno município, há registro de 11,67 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Em suas estradas poeirentas, os motociclistas são semi analfabetos, não usam capacete, não conhecem as leis do trânsito e circulam sem habilitação.
A cartilha para orientar os motociclistas dá informações sobre equipamentos de segurança e chama atenção para cuidados nas ultrapassagens, cruzamentos e na
chuva. Dá, ainda, outras dicas pouco seguidas por motociclistas, principalmente no agreste e no sertão do estado. A campanha teve início essa semana na região agreste, considerada a de maior risco, com incidência de óbitos que chega a 6,9 por cem mil habitantes.
A Diretora de Transporte e Trânsito do DER, Isabel Lins, informou que foram impressas 10 mil unidades e a campanha será estendida às emissoras de rádio e TV. Segundo a Secretaria de Saúde, 52,1% das vítimas morrem em via pública e 42,2% em hospitais como o HR, onde os acidentes provocados por motos são constituem a maior causa de lesões na coluna vertebral (40% dos casos). Conforme a pesquisa da Secretaria de Saúde, o tempo médio de internação de feridos em acidente com o veículo é de três dias, e o gasto médio do Sistema Único de Saúde por pessoa fica em R$ 953,85.
Fonte: O Globo

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